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Nascida em São Paulo, em 20 de janeiro de 1931, cursou Direito, Filosofia e Dramaturgia. Escreveu e produziu trabalhos para teatro e televisão, entre os quais Vila Sésamo, Malu Mulher e Joana. Publicou livros de poesia, prosa, teatro e ensaios. Foi professora da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e da Escola de Arte Dramática (EAD) da Universidade de São Paulo, além de ministrar cursos de dramaturgia no Brasil e no exterior. Desde 1988 faz parte do corpo docente da Escuela Internacional de Cine y Television de San Antonio de los Baños, em Cuba. Coordenou e participou da Anthologie de la poésie brésilienne, publicada em Paris, em 1998, e que reuniu quatro séculos de literatura brasileira. No mesmo ano, integrou o júri do Prêmio "Casa de las Américas", em Cuba. Vive em São Paulo e às vezes em Atibaia.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

ENTREVISTA

O fotógrafo me pede que sorria.
O fotógrafo não sabe nada de mim.
O fotógrafo não sabe nada das coisas.
Ele clica, digamos,
me olha (sem me ver)
digamos
e me obriga a mentir em imagem
a mentir em silêncio
a mentir publicamente.

Enquanto isso o sabiá lá fora
cuida do ninho e de sua esposa amada.

Eu
perdi toda ilusão
de ser um sabiá.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Cheguei

Depois de anos (e anos!) , rendo-me às novas ferramentas. E aqui estou, tentando falar com mais gente, amigos velhos, amigos novos. Falar sobre poesia, mas não só; temos direito a novos assuntos, também. Notícias, comentários, lamentos, por que não ? E alegria, pela renovação da vida.
Gente, cheguei !

Esta Canção

"Aquilo que é, já foi; e aquilo que há de ser já foi; Deus fará vir outra vez o que já se passou." (Eclesiastes, 3:15)

Esta canção tateia a tarde clara
buscando a minha voz que é sua fonte.
Assim voltam os pássaros ao campo,
assim volta o horizonte ao horizonte.
Sou doido que canta para si,
cônscio de não saber nem do que inventa;
recriando o criado, ele sorri,
ciente de que não faz nem acrescenta.
Tudo já foi, apenas se repete;
este lugar de amor será pregresso
quando for dor a dor que se promete.
Chegou-me agora o que já foi futuro;
assim Deus me prepara o teu regresso
como se planta um poema manuscrito.

Viagem

Faço uma viagem
quase sem sentido.
Preparo a bagagem.
Mas por que motivo?

Nada me motiva
salvo um emotivo
grave coração
que me olha nos olhos
e diz: tens razão.

Vai e sem motivo.
Antes sim que não.