Mais uma luta...
... existem as particulares e as universais. As primeiras são minhas contra a minha ignorância e os meus preconceitos ; as segundas são as que estou vendo nas ruas, pessoas (povo ? classe média? vândalos?) gritando contra um pacotão de injustiças. Que estão sendo, de um modo suspeito, satisfeitas pelos - ah ! políticos. Contra os quais vai um poema :
VIVA A VIDA
(grande coro parlamentar)
Se podemos comer
se podemos olhar-nos ao espelho sem rubor
se podemos guiar
de volta para casa a descansar
do calor
se podemos amar
se podemos beber
na beira da piscina ou a beira-mar
se podemos tragar e deglutir
sem dor a vossa dor
se podemos viver
de vestir, de comer
de o corpo confrontar e de o tratar
como uma grande flor
então, nossos irmãos ,
para que pensarmos nós
em vós
e na vossa voz?
Viva esta vida que herdamos
dos nossos avós !
- Renata Pallottini
- Nascida em São Paulo, em 20 de janeiro de 1931, cursou Direito, Filosofia e Dramaturgia. Escreveu e produziu trabalhos para teatro e televisão, entre os quais Vila Sésamo, Malu Mulher e Joana. Publicou livros de poesia, prosa, teatro e ensaios. Foi professora da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e da Escola de Arte Dramática (EAD) da Universidade de São Paulo, além de ministrar cursos de dramaturgia no Brasil e no exterior. Desde 1988 faz parte do corpo docente da Escuela Internacional de Cine y Television de San Antonio de los Baños, em Cuba. Coordenou e participou da Anthologie de la poésie brésilienne, publicada em Paris, em 1998, e que reuniu quatro séculos de literatura brasileira. No mesmo ano, integrou o júri do Prêmio "Casa de las Américas", em Cuba. Vive em São Paulo e às vezes em Atibaia.
sexta-feira, 18 de janeiro de 2013
regresso e ... ordem e progresso
REGRESSO E... ORDEM E PROGRESSO
Volto de férias e de um mês no mato, ouvindo passarinho, escrevendo um romance, repensando a vida e agradecendo as bençãos. Bem de saúde e de esperança. Mas atenta aos que sucede.
Recebo de amigas/correspondentes catalãs, Elvira e Carmen,
um texto transmitido por internet e que conta, através um vídeo falado,
acompanhado de graciosas e
sugestivas ilustrações, o caminho empreendido por Dínac , cidadão de vinte
anos, da respeitável Catalunha, de seu
país ao Brasil, há três meses, para
buscar e encontrar finalmente, membros da tribo guarani-kayowa que foram
desalojados de sua terra natal, no Mato Grosso, por pseudo-proprietários,
naturalmente posseiros, invasores, enfim pessoas amparadas pela força; aqueles
indígenas buscam, de todas as maneiras possíveis, recuperar as
terras que foram de seus antecessores.
Dínac pede que se divulgue a história de sua luta; não pede mais do que isso, nem doações, nem
firmas, apenas a divulgação da injustiça e da arbitrariedade.
Além de fazê-lo, ou seja, de divulgar o fato da melhor
maneira que me é possível , queria dizer
a Dínac e às minhas amigas que :
1. Meu
país, o Brasil, é governado por uma pessoa que pertence a um partido o qual,
recentemente, foi acusado, com provas, de corromper com dinheiro
indivíduos que detinham poder para
facilitar a permanência, no mais alto posto do governo, do partido em questão;
2. O
Presidente do Senado do meu país é um senhor cujo estado natal é o mais pobre
da nação, embora esse senhor seja – com sua família – o mais poderoso e rico do
mesmo estado;
3. No
meu país, pessoas condenadas a prisão por crimes entre os quais está o de apropriar-se de dinheiro público, são
empossadas como titulares pela Câmara de Deputados da nação.
Tendo isto em vista, não me espanta que a terra dos
índios esteja sendo tomada por posseiros, “grileiros” e malfeitores em
geral.
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