Retificando, ou melhor, completando...
...o meu poema "POESIA NÃO VENDE", fruto de um momento de pessimismo, aqui vai:
POESIA NÃO VENDE (2)
É fácil rir
fácil rolar na areia
fácil menear o rabo
para que os outros vejam
fácil sempre esperar o fim do mês
fácil ter dado a vida por engano?
Escrever como sempre
dia a dia
rompendo o coração, rompendo o véu
e não possuir nem mesmo
ao fim de tudo
algum futuro
e um quiosque de pastel...
... no entanto sou feliz.
Não queria ter feito nenhuma outra coisa.
Não quero outra mulher
senão a que nasceu da poesia.
Não quero outra cidade
que não seja imperfeita
nem praias nem montanhas
nem tamanhos
os ganhos ,
só ver ao fim de tudo
o quiosque de pastel
que dará de comer
ao meu noia barbudo...
- Renata Pallottini
- Nascida em São Paulo, em 20 de janeiro de 1931, cursou Direito, Filosofia e Dramaturgia. Escreveu e produziu trabalhos para teatro e televisão, entre os quais Vila Sésamo, Malu Mulher e Joana. Publicou livros de poesia, prosa, teatro e ensaios. Foi professora da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e da Escola de Arte Dramática (EAD) da Universidade de São Paulo, além de ministrar cursos de dramaturgia no Brasil e no exterior. Desde 1988 faz parte do corpo docente da Escuela Internacional de Cine y Television de San Antonio de los Baños, em Cuba. Coordenou e participou da Anthologie de la poésie brésilienne, publicada em Paris, em 1998, e que reuniu quatro séculos de literatura brasileira. No mesmo ano, integrou o júri do Prêmio "Casa de las Américas", em Cuba. Vive em São Paulo e às vezes em Atibaia.
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Lindo poema, Renata! Coincidentemente esta semana assisti a um documentário sobre o Paulo Leminski em que ele diz: "A poesia é uma espécie de heroísmo. Você continuar, ao longo dos anos, acreditando nessa coisa inútil que é a pura beleza da linguagem, que é a poesia, é um heroísmo, porque a poesia não vai te fazer rico de jeito nenhum. É muito mais lucrativo você abrir uma banquinha e vender banana do que fazer poesia"
ResponderExcluirPoesia-milagre... Nunca vende, mas alimenta a alma. Que sempre seja assim.
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