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Nascida em São Paulo, em 20 de janeiro de 1931, cursou Direito, Filosofia e Dramaturgia. Escreveu e produziu trabalhos para teatro e televisão, entre os quais Vila Sésamo, Malu Mulher e Joana. Publicou livros de poesia, prosa, teatro e ensaios. Foi professora da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e da Escola de Arte Dramática (EAD) da Universidade de São Paulo, além de ministrar cursos de dramaturgia no Brasil e no exterior. Desde 1988 faz parte do corpo docente da Escuela Internacional de Cine y Television de San Antonio de los Baños, em Cuba. Coordenou e participou da Anthologie de la poésie brésilienne, publicada em Paris, em 1998, e que reuniu quatro séculos de literatura brasileira. No mesmo ano, integrou o júri do Prêmio "Casa de las Américas", em Cuba. Vive em São Paulo e às vezes em Atibaia.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

De volta, mais uma vez !

De volta, mais uma vez !

Olá, pessoal ! Não vou repetir a mesma história do difícil  trânsito do não- dizer até, finalmente, poder dizer ! Dessa história kafkiana sabem mais os peritos em eletrônica.

Estou aqui de novo, entre outras coisas para atender ao meu amigo Donizete Galvão, poeta de minha estima, que me pediu que dissesse alguma coisa mais sobre Cuba, agora, que o assunto está em moda. Não me faço de rogada para falar sobre Cuba; tenho grande carinho por aquela terra distante, agora que está chegando o tempo dos furacões (de setembro a dezembro, todo ano,  já passei por um ) e que eu desejo àquele povo amigo sorte e saúde.
Pois é , e o assunto, agora, é saúde, quando, certos ou errados, estamos importando médicos de outras terras para dar um jeitinho aqui, na nossa.
Não posso opinar sobre a ciência dos médicos cubanos; posso, isso sim, falar de suas características pessoais : dedicação, espírito de fraternidade, nenhuma vontade de ser superiores ou de fazer brilhar a sua importância. Tive de ser atendida por vários médicos em minhas muitas viagens , em minhas às vezes longas estadas. NUNCA nenhum médico cubano me atendeu sentado atrás de uma mesa, muito menos mais alta. Em geral não os chamamos de "doutor" e eles logo nos chamam de "compañera". Tá bom, esse é um modo de designar que se impôs na Revolução, mas vamos combinar que é agradável e carinhoso.
Um caso  , que aconteceu comigo: como sempre acaba por suceder, eu recolhi um filhote, cãozinho de meses, num canto qualquer da Escola de Cinema onde dava aulas; seu nome era Polifemo, mas logo passamos a chamá-lo de Poli. A Escola inteira o conhecia e protegia. Os meses se passaram, o nosso médico , Máximo , entre uma gripe e um parto ia cuidando de alunos e professores. Uma noite, já pela meia-noite, Poli começou a chorar agudo, depois a gritar alto. Entrei em pânico, pedi conselho aos vizinhos, resolvemos telefonar para o apartamento de Máximo. Meia noite ! Ele era médico e não veterinário ! Me pediu que levasse o cachorro ao seu apê, onde me atendeu de pijama. Olhou bem para Poli, virou-o de todo jeito, fez que ele tomasse um comprimido contra dor, depois veio  o diagnóstico, isso lá pela uma da manhã: o filhote estava com dificuldade para fazer descer os seus testiculinhos, já na hora de se recolocarem e sem poder fazê-lo. Fez algumas massagens e me devolveu um cachorrinho mais calmo.
Dei um beijo fraternal no Máximo e, no dia seguinte,  levei o bicho a um veterinário de verdade.
 
Sim, eu sei: eu era estrangeira, professora e sua amiga. Mas será esse um procedimento que qualquer médico de outras terras se daria ao trabalho de incorporar?
 
Creio que os médicos cubanos podem ajudar em casos mais simples, que, afinal, me parece que são  a maioria por estes brasís. Claro que vão entender-nos, somos latinos todos. Claro que querem muito ajudar. A maneira como irão receber o pagamento não é nosso problema, uma vez que aceitaram o contratado. O contratado implica, sim, em aceitar o sistema político no qual estão inseridos. Esse é um assunto delicado. Mas sempre me pareceu (estarei errada? Pode ser...) que devíamos deixar que os povos arrumassem sua casa da maneira que lhes parecesse, a eles, melhor.
Continuo pensando assim. Por favor, me digam o que acham, tá?

Um comentário:

  1. Fiquei pensando: Estão oferecendo um salário de 10 mil a 15 mil Reais para médicos estrangeiros ou não, porque falta médico, mas não conseguem garantir aos professores um teto de 1.500 Reais?

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